Criando Roteiros – Salve o Gato

dois gatinhos e uma entidade maligna

Com o passar do tempo, descobri outras técnicas interessantes para a criação de roteiros. Blake Snyder, autor e educador estadunidense, escreveu o livro “Save The Cat: The Last on Screenwriting You’ll Ever Need”, no qual ele desenvolveu um conceito inovador, baseado na estrutura de roteiros de programas de TV e histórias em quadrinhos, que retratam alguém salvando um gato de uma árvore. Os passos são divididos em 15 “beats” e 3 atos. Os “beats” são:

Ato 1

1 – Imagem de abertura: A primeira impressão que você deseja transmitir da sua obra, o cartão de visitas. Muitas vezes, o prólogo é usado neste beat.

2 – Set-Up: Situação inicial do personagem. Apresentação de personagens e motivações. É a “Caverna de Platão“, o “mundo comum” da Jornada do Herói.

3 – Tema Inicial: Uma pergunta, geralmente feita por outro personagem, que será o tema principal da história. Aqui, o herói ainda é o “tolo”, o Louco das cartas de Tarot, incapaz de compreender a questão e acomodado à sua rotina.

4 – Catalizador: É o incidente que dá o impulso inicial ao protagonista. Um trauma que o jogará para a aventura e a descoberta de um novo mundo.

5 – Debate: O protagonista cheio de dúvidas, fazendo perguntas ao “mentor”. Ocorre também a recusa do chamado e a discussão sobre o que fazer em seguida. É Morpheus ensinando a Neo a verdade sobre a Matrix.

Ato 2

6 – Quebra para o Segundo Ato: O protagonista aceita o fardo da jornada no novo mundo. Fará uma escolha, que o conduzirá pelo resto da jornada.

7 – Trama B: Uma história auxiliar à principal, com outros personagens que ajudarão o protagonista. Muitas vezes é um paixão ou uma amizade.

8 – Diversão e Jogos: As primeiras vitórias são conquistadas. É onde o protagonista coloca os ensinamentos recém-aprendidos em prática e supera obstáculos.

9 – Meio: Literalmente, é o meio da história. As coisas começam a ficar mais difíceis e o herói, com dúvidas sobre si mesmo.

10 – Inimigos se aproximam: As forças antagonistas começam a trabalhar para impedir o herói de conquistar o seu objetivo. Nem sempre são fatores externos. Em muitos casos, são demônios internos que o oprimem. A Jornada da Heroína trabalha muito bem conflitos internos de personagens femininas e/ou minorias, como visto no filme Capitã Marvel.

11 – Tudo Está Perdido: É o momento da perda, o pior momento do personagem. O antagonista mostra o seu poder e causa estrago. O herói é quase destruído por completo e encontra-se no fundo do poço.

12 – A Noite Escura da Alma: É o período de sofrimento em relação à perda, onde ele reflete e olha para dentro de si. Precisa encontrar uma saída.

Ato 3

13 – Entrada ao Ato 3: Quando o herói encontra forças para reagir. Aprende uma última lição sobre como resolver os problemas e como consertar a si mesmo. Muitas vezes, é o momento onde a Trama B dá um empurrãozinho.

14 – Finale: O confronto final, onde o protagonista usa suas habilidades ao máximo e quebra limites para vencer o antagonista. O climax da história se encontra aqui, onde você fará o leitor perder o fôlego.

15 – Imagem Final: É o espelho da Imagem de Abertura. Mostra o desfecho da história, eventuais despedidas e o protagonista trazendo o tesouro para casa. Ele aprendeu a lição encontra-se pleno, iluminado. É Neo mostrando-se ciente da verdade e voando aos céus, no final de Matrix.

Existem muitas outras estruturas de roteiro, as quais pretendo falar no futuro. Boa sexta.

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